terça-feira, 9 de agosto de 2016

Sobre o Auto dos Danados (Lobo Antunes)

Sou um naufrago nos lençóis
evapora-se-me a boca nestes
lampejos de escuridão e saudade
de encostar meu corpo no teu
nessa busca de densidade da carne
que me tranquilize e me leve a ânsia
de saber que não estás aqui, que
não virás aqui e que aí não poderei
ir jamais. Tal foi a ferida que deixaste
num peito que já não tem espaço
para mais um furo de bala. Dessa
coisa a que chamam, sem virtude,

Amor.

(e agora vou dormir até que o mundo acabe..)