No inicio, meus amigos, no inicio tudo é belo. No inicio Ele disse "Faça-se Luz!", e fez-se luz. E fez tudo numa semana e depois foi descansar. Cruzou as pernas em cima da mesinha da sala e ficou a ouvir o Alcabideche de Cima VS Vão da Cova naquele rádio roufenho enquanto roía as unhas. Ele fez tudo o que havia para fazer nessa semana. O céu, a terra, as árvores, os pássaros, a água, o fogo, o material e o imaterial, o cognitivo e o sensorial, TUDO. Tudo se fez numa semana.. e vai daí descobriu que havia feito o que tinha a fazer e foi fazer a vida d’Ele pa outro lado. Porque no inicio há todo um universo para descobrir e explorar. Há tudo para criar. É mudança de estação e as hormonas despertam, há vontade e desejo, e bora lá pá frente que é golo. Contudo, esta coisa do “Ser” é ambígua! Naquilo a que toca “Ser-se” é permitido construir, nomeadamente construir novos universos. O chamado expandir, pelo que é compreensível que ao fim de uma semana se queira construir outro universo. Se acorde de manhã e se pense: “…”, e bora lá fazer tudo outra vez… E assim sucessivamente, em efeito bola de neve, começar sempre, e acabar sempre, porque construir um novo universo implica deixar para trás o universo anterior. Há que matá-lo. Acabar com as marcas dele. Mostrar-lhe que morreu e amanhã será um novo universo a amanhecer. O fim é um novo princípio. Ámen.
Josué Silvério